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Hugo Vasconcelos: Diversidade ou pink money? As empresas se atentam mesmo ao Orgulho LGBTQIAP+?

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Junho celebra o Orgulho LGBTQIAP+ em todo o mundo e me alegra a percepção de muitas empresas que incluíram a data em seus calendários e exercitam ações junto a esse mês. Antes de tudo, essas práticas são muito importantes quando construídas de mãos dadas a ações afirmativas – tendo em vista que, enquanto profissionais, estamos em constante desenvolvimento das nossas skills e aprendizado para atender da melhor forma aquilo que nos propomos a executar.

Membros da comunidade LGBTQIAP+ possuem mais qualificações, aponta pesquisa

De acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria global Great Place To Work (GPTW), com o objetivo de mapear aspectos e características das minorias sociais dentro dos ambientes de trabalho a partir de recortes por grupos, um filtro  específico se traçou para a população LGBTQIAP+. Dentre as principais conclusões, o levantamento revela que a grande maioria das pessoas em cargos de chefia, direção e presidência são pessoas cis heteronormativas (92%), ou seja, aquelas que se identificam com o sexo atribuído a elas ao nascer e se atraem pelo gênero oposto.

Outro dado interessante da mesma pesquisa, atesta que membros da comunidade possuem mais qualificações profissionais, entre cursos, graduações e especializações. Por conta disso, gera conflituosos questionamentos que vão para além da discussão da competência da ocupação de cargos. Está alinhado com as nossas pautas e para muito além de literalmente estender uma bandeira em frente a empresa e realizar publicações nas LinkedIn. 

Temos a necessidade de medidas atreladas com a continuidade das ações. Ainda somos vistos como um corpo estranho, de modo que os espaços são muitas vezes negados a nós. Precisamos que realmente façam valer os ideais que vendidos pelos tirantes e bottom estampados com o arco-íris e logo da empresa. 

“Somos plurais, mas nossa representatividade é muito baixa”

Deixando a inocência de lado, sabemos que somos muitos e que produzimos dinheiro. Por isso, empresas se atentem à nossa existência e passam a abrir brechas para conquistar prêmios como o citado acima, onde que grande parte dele corresponde à cota de diversidade.

Não há problema algum capitalizar, até porque as ações precisam se pagar. Mas é preciso, como regra, questionar que diversidade é essa. Não é difícil construir um ambiente “diverso” com pessoas brancas e que performam a heteronormatividade. Essa estratégia de inserir aqueles facilmente passam por heterossexuais, mas que dentro de uma pesquisa se auto declaram.

Somos plurais, um único recorte tendência a uma representação muito baixa. Uma prova disso, é o fato de que eu, um homem gay, bem como pessoas transsexuais, não costumamos sequer sermos cotados, ainda que preenchamos todos os requisitos. Conforme relatório elaborado pela Associação Nacional de Travestis e Transsexuais, 88% dos entrevistados acreditam que as sociedades empresárias não estão prontas seja para a contratação, seja para a manutenção de pessoas trans nos seus quadros de colaboradores.

20% da população trans não tem emprego formal

Aliás, uma pesquisa apontou que 20% da população trans não tem emprego formal, assim como 56,82% sofrem com insegurança alimentar. Em outro estudo realizado referente à empregabilidade trans, 90% das pessoas entrevistadas acreditam que mulheres trans são travestis . Além disso, que por falta de oportunidades profissionais, acabam trabalhando na prostituição.

Um primeiro passo inteligente é refletir quem são os Analistas de Diversidade e sobre qual supervisão eles se encontram. No desespero de compor o corpo, muitas das vezes os profissionais selecionados nem sabem os princípios básicos, como o que significa cada letra da sigla ou a importância da sua crescente. Já no encabeçamento, é preciso construir diversidade para uma elaboração mais ampla desde o passo embrionário. Para além desses postos serem ocupados por pessoas que vivenciam, faz necessário que estejam atentas e letradas para que as técnicas sejam desenvolvidas com afinco.

Um ambiente corporativo onde os funcionários se sentem assistidos, gera retornos financeiros. Esses laços não se aplicam como um favor, mas também como uma técnica de desenvolvimento do seu business. Não há problema algum, desde que feito com responsabilidade e assistindo o que se deve ser feito.

Hugo Vasconcelos

Prazer, me chamo Hugo. Sou Ativista Social em busca pela implementação e proteção dos Direitos Humanos. Fundador do coletivo Pride, em parceria com a Nações Unidas. Nesse espaço, compartilho pensamentos para mediar as nossas conversas.

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