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Erika Januza fala de relação com corpo, representatividade negra e mais!

Erika Januza, no ar em “Verdades Secretas 2”, fala sobre mudanças no corpo, hiperssexualização da mulher negra e mais!

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A atriz Erika Januza está no ar como a personagem Laila na segunda fase da novela “Verdades Secretas”, exibida pelo Globoplay. Na história, ela interpreta uma modelo que consome remédios para emagrecer sob forte influência de terceiros. Para a trama, a artista precisou entrar em um processo de emagrecimento e chegou aos 49 kg, o que não pesava desde a sua adolescência.

“Foi a primeira vez que fiz uma mudança tão grande no meu corpo. Achei que era coerente estar mais magra porque ela tem problemas de distúrbios alimentares, toma remédio para emagrecer. Foi algo que quis fazer pela construção da Laila e baseado nos relatos e conversas com médicos e pessoas que tomaram esses medicamentos”, explicou em entrevista à “Quem”.

Erika Januza não aprovou corpo mais magro

Primeiramente, Januza precisou de acompanhamento médico, nutricionista e um chef de cozinha para seguir à risca seu novo foco profissional. Segundo a atriz, a intenção foi apenas para a novela e não possui ligação com a estética: “Eu não me gosto muito magra. Quando entrei na academia pela primeira vez na vida, adolescente, foi para ganhar massa. Eu era muito magrinha e usava duas calças. Tinha muita vergonha. Ainda tinha as questões de cabelo e de rejeição na época de encontrar namoradinho”.

Infelizmente, o racismo e o sexismo fazem com que muitas mulheres negras, ao longo da vida, queiram estar dentro do padrão imposto pela sociedade e Erika foi uma delas. “[Queria] ter cabelo liso, ser a gostosona… O padrão lá na minha cidade era ser a gostosona, e eu muito magra, pesei 45 quilos a adolescência inteira.  É a coisa do padrão e se eu não estou dentro disso quer dizer que não posso ser bonita? Se negra não é bonita, eu estou perdida, vou fazer o quê? Porque eu não vou deixar de ser negra. Então, é você realmente se entender, se aceitar, se amar”, aconselhou.

Atriz ressalta importância da representatividade

Ingressar no mundo das artes também ajudou Erika Januza em seu processo de autoaceitação. A artista disse que se sentiu livre com seu cabelo crespo a partir daí. E ainda se tornou exemplo para as mulheres de sua família.

“Ok sermos diversos e alternativos. Ok possibilidades inúmeras de pessoas. De cabelos. De tudo. Então, quando eu voltei para Contagem de cabelo crespo, minha mãe também mudou o cabelo dela. Eu fui libertando a minha família. Daí a importância da representatividade, essa palavra que as pessoas dizem que estão cansadas. Mas ela é importante; se eu não tinha ninguém para me mostrar que posso ter um cabelo diferente, que posso ter um produto que atende meu cabelo, como eu vou aprender?”, questionou.

“Eu me dou o direito de militar quando é uma causa minha”

No entanto, é nesse mesmo universo que Erika Januza teve que aprender a lidar com a segregação. A artista afirma que as oportunidades são limitadas, pois, em muitas obras, só pode ser apenas uma personagem com atriz negra no elenco.

“Quantas atrizes e atores negros desempregados porque só pode ter um para dizer que está representando? E a gente não quer personagem que fale de questões raciais o tempo inteiro. Meu sonho de carreira é ouvir ‘precisamos de uma atriz boa, vamos chamar a Erika’. Não quero que me chamem só pela cor da minha pele, mas se for pela cor da minha pele que isso seja positivo”, disparou.

É aí que entra a Erika militante, que entra na briga para lutar por aquilo que acredita e defende suas causas:

“Eu me dou o direito de militar quando convém militar ou quando eu posso militar porque é uma causa minha (…) Não sou obrigada o tempo todo a me manifestar por tudo. Mas a luta é constante. Em geral, eu sempre falo e é isso: a luta é a gente estar em todos os lugares, porque eu posso estar, posso ser bem-sucedida, usar meu cabelo liso, raspar, sair pelada… Sobre meu corpo, eu quem decido”.

Erika Januza se preocupa com a hiperssexualização de mulheres negras

Em “Verdades Secretas 2”, uma versão bem mais apimentada do que a primeira está dando o que falar. Analisando do ponto de vista de quem precisa fazer cenas mais ousadas, Erika Januza fica preocupada com a hipersexualização de uma mulher negra. 

“Eu me respeito. Por ser uma mulher e uma mulher negra, me preocupo com minha imagem – não apenas como artista. Se tem um porquê, faço. O personagem pede cena de sexo, tem cena de banho, ninguém toma banho de calcinha e sutiã, vamos tirar a roupa. Eu vejo esse lugar artisticamente. Tiveram cenas de Laila que eu falei ‘posso tirar a blusa de costas e mostrar que ela está magra e tem uma postura estranha?’. Como atriz, estou me sentindo mais corajosa para propor coisas, mas que façam sentido, nada gratuito”, completou.

Foto de capa: Instagram @erikajanuza

Redação Corpo Livre

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