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Independência financeira feminina: por que precisamos falar sobre isso?

A independência financeira feminina é mais do que ter o próprio dinheiro. É sobre possibilidades de escolhas e de sonhar com o futuro.

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“Who run the world?”, pergunta Beyoncé, em sua música de 2011. A resposta vem em coro: “Girls!”. Na prática, não é bem isso que acontece. Pelo menos, não em relação à independência financeira feminina. É que, no Brasil, 45% das mulheres têm as finanças controladas pelo parceiro. Ainda segundo dados do relatório Investor Watch, realizado pela UBS em 2019, entre as mulheres de 20 a 34 anos, 40% as delegam para o cônjuge.

A grande questão é que esse controle nem sempre tem a ver só com dinheiro. A falta de independência financeira feminina pode desencadear outros tipos de violência e reforça muitos estereótipos, ao invés de transformá-los. Por isso, é preciso colocar o assunto em pauta.

A independência financeira feminina pode ser a saída de um relacionamento abusivo

Até 1960, a mulher precisava da autorização do marido para abrir uma conta bancária. Embora isso não seja mais necessário, a independência financeira feminina não é uma realidade. Em 2021, nem todas as mulheres têm controle do próprio dinheiro. Por que isso acontece? Por causa de diferentes motivos, inclusive ser um comum acordo entre o casal. Se for uma escolha, tudo bem. 

Para muitas outras mulheres, no entanto, essa nem é uma opção. Nesses casos, pode ser consequência de um relacionamento abusivo, que priva a mulher de ter controle das suas despesas e da própria vida. Por isso, falar sobre dinheiro e independência financeira feminina é um recurso para que mulheres sejam donas não só das suas blusinhas, mas de suas próprias histórias. 

Mulheres ainda ganham menos do que os homens no mercado de trabalho

A importância da independência financeira feminina também está atrelada ao fato de o mercado de trabalho ainda ser bem misógino e machista. Isso porque é fato que mulheres ainda ganham menos do que os homens, mesmo exercendo a mesma função. Esse funil fica ainda mais apertado, dependendo do recorte social, racial e sexual.

Sem deixar de mencionar ainda as mulheres que são mães. Elas lidam com a desigualdade salarial e jornadas excessivas de trabalho dentro e fora de casa. Assim, a independência financeira feminina ajuda a lutar pelos direitos das mulheres, além de dar mais noção do que fazer para administrar finanças e investimentos futuros. 

Independência financeira feminina x medo de investir: mulheres têm perfil conservador

Por falar em investimentos, esse é um setor que evidencia e reforça os estereótipos do que é ser mulher. Isso porque a falta de uma educação financeira desde cedo faz as mulheres terem medo de investir. Dessa forma, elas mantêm um perfil mais conservador e frágil. Enquanto isso, os homens saem na frente e são mais ousados para diversificar. 

No entanto, a boa notícia é que o cenário tende a mudar. De acordo com o Relatório Global sobre Mulheres e Criptomoedas, as mulheres estão conquistando espaço na tecnologia. Com isso, estão aprendendo mais sobre blockchains e criptomoedas, o que tende a movimentar as estruturas financeiras. 

Pouca representatividade feminina para falar sobre investimentos

A insegurança ao investir não é só por falta de conhecimento. As mulheres também estão pouco representadas do outro lado da mesa, já que quem está ensinando a mexer no dinheiro também são os homens. Nesse caso, a independência financeira feminina carece também de diversidade e representatividade. Porém, já existe um movimento de mulheres para mudar essa estatística.

Elas estão na internet e também nas grandes corporações. Outra mudança são personalidades da mídia que se transformaram em embaixadoras, para se aproximar desse público. Mas ainda faltam lideranças femininas para inspirar ainda mais. 

Vale reforçar que a independência financeira feminina não tem a ver em deixar as mulheres fazerem as próprias compras – o que não tem nada de errado! Ela traz a possibilidade de fazer escolhas e de sonhar com o futuro. E também de ser livre, seja à vista ou parcelado. 

Foto de capa: Adobe Stock

Redação Corpo Livre

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