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Pathy Dejesus: “Mulheres pretas deveriam ter terapia gratuita vitalícia”

Pathy Dejesus comenta a respeito da maternidade solo, impacto do racismo na criação do filho e como a terapia ajudou a lidar com dilemas profissionais sendo uma mulher negra.

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Pathy Dejesus abriu o jogo a respeito da decisão de maternidade solo e como o racismo tem impacto na criação do seu filho. Segundo a atriz, atualmente solteira, ela é responsável pela tomada de decisões e questões financeiras de Rakim. “A gente tem que lidar desde quando a criança está na barriga, pensando em possíveis situações que ela possa passar. Mesmo ele sendo um negro de pele clara, eu já penso em como muni-lo de coisas para que ele primeiro identifique o racismo e, depois, o combata”, explicou.

Em entrevista ao “Universa”, Pathy Dejesus contou que pensa em como fazer Rakim alimentar sua autoestima, para que ele cresça com orgulho de sua ancestralidade.

“Ao mesmo tempo, trabalho muito na terapia para não trazer ou antecipar dores que são minhas. Não no sentido de dividir minhas dores, mas de processos de como eu lidei com as coisas. Eu não quero uma mini Pathy, porque ele é um indivíduo, um ser humano que veio de mim, mas que tem livre-arbítrio. Tenho que levar em consideração o que ele é e como ele vai pensar, como ele vai gerenciar essas questões, e eu respeito muito a individualidade dele”, disse.

Pathy Dejesus enfrentou preconceito por querer ser mãe aos 40

Pathy Dejesus precisou enfrentar o preconceito desde nova. Além do racismo, a atriz de “Um Lugar ao Sol”, atual novela das 21h, sentiu discriminação dos médicos quando dizia que queria ser mãe após os 40.

“Ouvia algumas negativas de profissionais que nem foram tão a fundo para saber da minha saúde, da idade dos meus óvulos, julgaram apenas pelo que está ali no meu RG (…) Vivemos em uma sociedade heteronormativa patriarcal, em que a mulher a partir dos 40 já não é mais útil para muita coisa. E aí a gente vê casamentos que acabam e, falando sobre a personagem da Andréa Beltrão, tem esse medo, essa solidão, porque existem os homens que largam as mulheres mais velhas e isso é normalizado, mas o contrário, é ridicularizado. É uma discussão muito complexa, porque também existe o recorte de raça: a solidão da mulher negra existe sim, e eu vejo muita gente debochar disso. E se você junta essas duas coisas (idade e raça), é algo desesperador”, declarou.

“Mulheres pretas deveriam ter terapia gratuita vitalícia”, diz atriz

Para passar por isso, Pathy Dejesus precisou trabalhar sua saúde mental. A busca pela terapia aconteceu pouco antes de estrear na maternidade. A artista reforça a importância de estar sempre trabalhando o emocional.

Acho que deveria ser um direito de todos, esse é um lugar que ainda precisa ser desmitificado. Eu mesma já fui uma pessoa que achava terapia frescura, ou uma coisa de quem não dá conta, está surtando… e eu falo que as mulheres pretas deveriam ter um crachá de terapia gratuita vitalícia, porque não é desse mundo o que a gente atravessa! A minha terapeuta é uma mulher preta de 70 anos e é uma mentora, porque muitas das coisas que eu vou verbalizar para ela, ela já passou, tem esse entendimento e sabe do que estou falando”, completou.

Por fim, ainda falando sobre racismo, Pathy Dejesus desabafou sobre o assédio trabalhando, como modelo ou atriz. “Quando vamos para um recorte de raça, essa situação é ainda mais calamitosa. O sistema nos oprime, nos assedia, nos sexualiza, nos invalida. Mas hoje a gente tem caminhado para processos em que as mulheres têm suas vozes aumentadas, escutadas, legisladas. Contudo, estamos falando de uma questão estrutural e sistêmica, então, o desafio é enorme. É uma luta diária para que a lei seja mais rígida, eficaz”, completou.

Foto de capa: Reprodução / Instagram @pathydejesus

Redação Corpo Livre

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