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O que é padrão de beleza? Entenda o status de corpo imposto a todas

Não existe apenas um padrão de beleza, mas basta rolar o feed nas redes sociais para se deparar com uma realidade bem diferente.

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O que é padrão de beleza: entenda!

Questionar o padrão de beleza é trabalho de diversas produtoras de conteúdo nas plataformas digitais. Seja por meio de pesquisas acadêmicas, seja através do compartilhamento de vivências e experiências pessoais. O Movimento Body Positive lá fora e o Movimento Corpo Livre no Brasil, aliados com os estudos de narrativas femininas, são essenciais para o pensamento crítico que temos hoje sobre feminino, de feminilidade e suas associações com as expectativas de beleza que a sociedade dita, principalmente para mulheres.

Afinal, o que é um padrão? Nada mais é do que algo que segue uma regra e tem que ser levado como modelo para que seja visto com qualidade e valor. Isso não quer dizer que regras são ruins, pelo contrário. Elas tornam nossa vida em sociedade mais civilizada (ou pelo menos tentam). Porém, vivemos sendo empurradas a padrões inalcançáveis ao longo tempo – seja de vida, de beleza, cultural ou econômica. Assim, não tem quem se mantenha com a cabeça saudável tendo que entrar em tantas caixinhas. 

O Instagram criou ideias de sucesso aliadas com a imagem corporal 

Quantas blogueiras de biquíni com “corpos perfeitos” em locais paradisíacos criam falsas narrativas de sucesso enquanto a realidade da maioria da população é outra? A cantora Madonna, em 2019, disse ao tablóide The Sun que “o Instagram foi feito para que as pessoas se sentissem mal”. Ela está errada?

Uma pesquisa de maio do mesmo ano, publicada pelo instituto britânico The Royal Society for Public Health (RSPH), constatou que a rede social é a mais nociva entre os jovens e é altamente viciante.

Basear nossas vivências em comparações dentro do universo digital é um processo que alimenta insatisfações. Elas podem ser corporais, como também podem envolver todo um suposto clima de sucesso. Tempo livre pra viajar, dinheiro, plenitude, ausência de preocupações, tudo isso em uma só postagem.

Imagina você rodando o feed todos os dias, consumindo esse conteúdo, enquanto corta um dobrado para dar conta do mês, vendo a sua vida bem diferente daquela foto em Dubai da influenciadora com milhões de seguidores. Complicado, né? 

Existem recortes culturais, sociais e econômicos para o que é considerado padrão de beleza

Muito impactado pelo capitalismo e por influências culturais, diferente do que muitos podem pensar, o padrão de beleza não é único em todo mundo. As sul coreanas, por exemplo, têm um extremo cuidado e preocupação com a pele do rosto. Por isso, você encontra uma infinidade de máscaras, produtos e acessórios de skincare nas plataformas de comércio com produtos orientais importados. O K-beauty (apelido da rotina de beleza sul-coreana) é bem rigoroso ao definir que a pele perfeita, aliada aos olhos grandes, o porte físico magro e pequeno, são os estereótipos esperados para se adequar por lá.

As brasileiras, por exemplo, têm no desenho do corpo seu cartão de visitas. A psicóloga e pesquisadora Joana de Vilhena Novaes, que se dedica ao assunto há mais de 20 anos, reflete sobre a relação que nós temos com a imagem corporal: “A brasileira usa o corpo como símbolo de status. A roupa é meramente um acessório. Quanto melhor esse corpo estiver formatado, menos roupa precisará. Essa simbologia do culto ao corpo ser tão significativa no Brasil no sentido das mulheres brasileiras serem consideradas aquelas com os corpos mais bem esculpidos do mundo é alguma coisa que sinaliza o investimento brutal nesse corpo como capital. É um investimento de tempo, dinheiro.”

Os conceitos de beleza mudam com o passar do tempo e não precisamos correr atrás deles  

Se olharmos com atenção o que era visto como belo ao longo das décadas, conseguimos entender que, provavelmente, o que vai ser visto como belo amanhã não será mais o que entendemos como belo hoje. 

Para se ter uma ideia, seios fartos e um corpo gordo são características da primeira representação feminina de que se tem notícia. A vênus de Willendorf, também conhecida como Mulher de Willendorf, data possivelmente de 22 a 24 mil anos atrás. Um possível talismã de uma divindade, feito para ser transportado como símbolo de fertilidade e abundância, possui o mesmo corpo que hoje é alvo de gordofobia e é visto com repulsa pela sociedade

Ao longo do tempo pode-se observar oscilações nos parâmetros que ditam como um corpo deve ser para ter o título de perfeição. Tivemos a musa de Hollywood Marilyn Monroe com suas curvas voluptuosas na década de 50, primeira capa da revista Playboy em 1953. Ela tinha 1,66m de altura, 94 centímetros de busto, 61 de cintura e 89 de quadril, segundo informações do Educação UOL. Ao mesmo tempo que tivemos a modelo Twiggy (apelido que em inglês significa Graveto) , na década seguinte, como símbolo de beleza, pesando seus 43 kg distribuídos em 1,57m de altura. Não dá pra acompanhar, não é mesmo?

Não existe apenas UM padrão de beleza

Por isso, acreditar na existência de apenas um padrão de beleza mundial é cruel com a nossa diversidade. Fora que hoje estamos nas mãos de um sistema capitalista, que nos alimenta diariamente com mídias e imagens cada vez mais editadas do que é certo ou errado. Sentir-se bonita, então, deve ser aquele sentimento que é viável e saudável pra você. Fazer as pazes com a sua autoimagem, com o reflexo no espelho é imprescindível para uma vida livre de insatisfações que nos limitam a viver nossa vida em equilíbrio. Respeite sua história e a história do seu corpo, elas fazem parte de quem você é!

Foto de capa: Adobe Stock

Redação Corpo Livre

Somos uma equipe de profissionais e colaboradores empenhados em transformar através da informação e da diversidade. Enquanto veículo, queremos construir uma nova forma de dialogar na internet sobre Corpo Livre!

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