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A nós, mulheres, não nos é dado o direito de envelhecer
Quando você se olha no espelho, qual a imagem que você vê? Vanessa Tomasini convida mulheres a encarar o envelhecimento de uma forma mais natural. Leia a coluna!
Quando digo envelhecer, me refiro ao processo natural do passar dos anos que ocorre a todos os mortais (menos as mulheres, obviamente). Assim, a partir do momento que nascemos já iniciamos o processo de envelhecimento e mudanças em nosso corpo.
Diga para si mesma em voz alta: “Eu estou envelhecendo!”. E preste atenção nos pensamentos que surgem em você. São pensamentos bons? É agradável a sensação de dizer a si mesma que está envelhecendo? Ou mesmo amadurecendo com o passar dos anos?
Acredito que a sua resposta será cheia de julgamentos e receios com o processo natural de envelhecer e observar as mudanças que já ocorrem no seu corpo com o passar dos anos.
Somos expostas a imagens de mulheres que são poderosas e felizes se forem magras (digo, extremamente magras), com aparência jovial (mesmo que tenham 40 anos ou mais), e com seus corpos duros e tonificados. Mas quando você se olha no espelho de sua casa, qual é a imagem que você vê?
Qual é a sensação que te causa, perceber todas as mudanças diárias que ocorrem no seu corpo?
Você foi ensinada a entender as mudanças que ocorreram no seu corpo na adolescência?
Que seu corpo estava em pleno processo de mudança e adquirindo características sexuais secundárias (crescimento dos seios, pelos pubianos, acúmulo de gordura nos quadris e bumbum) e cada vez mais o seu corpo ficaria mais próximo do corpo de outras mulheres adultas da sua família, já que temos características corporais que são que determinadas geneticamente?
Eu recebo diversas mulheres para atendimento que nunca puderam experimentar seus corpos na idade adulta, pois estão guerreando com o próprio corpo desde a adolescência através de dietas, cirurgias plásticas, exercícios extenuantes e um ódio descomunal a cada momento que percebem que seus corpos estão manifestando mudanças que são naturais.
Quando você estava na adolescência foi explicado para você que seu corpo mudaria?
Você aprendeu que cada corpo tem um tamanho diferente e que carregamos características individuais?
Que é normal os seios, os braços, a barriga ou as coxas balançarem quando você anda ou dança?
Você sabia que poderia ter fios brancos de cabelo, mesmo no início da idade adulta e que isso é normal?
Que sua calça ficaria apertada ou não serviria, pois seu corpo estava mudando e isso não significava que você estava “engordando”?
Disseram a você que mudanças no nosso corpo ocorrem todos os dias, pois não somos uma fotografia, ou seja, estáticas e paradas no tempo?
Somos ensinadas desde muito cedo a corrigir, evitar e burlar o processo de envelhecimento e mudanças do nosso corpo.
Por isso, quero te convidar a olhar seu corpo sob uma nova perspectiva: seu corpo muda e continuará mudando a cada dia de sua vida. Se dispor a tratar as mudanças do seu corpo com gentileza e responsabilidade é um ato de resistência diário. Muitas vezes, difícil, já que somos “bombardeadas” de imagens de mulheres “perfeitas”.
E como já dizia Salvador Dalí:
“Não se preocupe com a perfeição: você nunca irá atingi-la!”
E dentro da nossa imperfeição, continuaremos a resistir, porém juntas!
Vem comigo?
Foto de capa: Unsplash