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O que é gordofobia? Um guia para entender o significado do termo

Você já deve ter ouvido falar sobre gordofobia, mas você sabe o que realmente significa essa palavra? Esse guia pode te ajudar!

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O que é gordofobia? Entenda o significado do termo

Se você é uma pessoa gorda provavelmente já passou por situações desconfortáveis pelo único e exclusivo fato de ter um corpo fora do padrão. Desde não caber em uma cadeira, passar na roleta do ônibus até questionarem sua saúde sem ter nenhum exame, essas situações fazem parte da sua vida. Assim, o preconceito e a falta de acesso na sociedade pensada para esses corpos fazem parte da gordofobia.

A gordofobia é uma opressão sistêmica e estrutural, normalizada na nossa cultura e no convívio social. Se caracteriza não só pelo preconceito e pela falta de acessibilidade, como também pelos estigmas criados a partir da estética.

Quantas piadas e estereótipos se criam em torno da pessoa gorda? Além disso, já observou nos filmes e séries como são os personagens gordos? Preguiçosos, engraçados, exagerados, comilões, solitários, fracassados… Não é coincidência, né?

Gordofobia x obesidade: nem toda pessoa gorda é obesa

Você pode encontrar definições de gordofobia relacionados ao conceito de obesidade, mas vale refletir antes de tudo sobre o termo. Isso porque nem toda pessoa obesa é gorda. Como assim? A literatura médica considera a obesidade uma doença crônica, registrada na Classificação Internacional de Doenças (CID 10). Ela é determinada pelo cálculo do IMC (Índice de Massa Corpórea) que divide o peso pela altura ao quadrado. Esse cálculo surgiu no início do século XIX e vem sendo usado até hoje. Meio antiquado, né?

Mas não só isso. É impreciso e não leva em consideração a massa muscular e a porcentagem de gordura corporal feminina, que é naturalmente 30% superior ao dos homens. Ou seja: como chamar alguém de doente sem considerar todos os fatores que compõem o ser humano?

A medicina usa o IMC para definir se um corpo é normal, sobrepeso, obeso grau 1, 2 ou 3. Mas não é, sozinho, um indicador de saúde ou doença. Assim, justificar argumentos que invalidam a vivência de um corpo gordo na sociedade baseado no resultado do IMC é tão limitante quanto julgar esse corpo como doente.

Casos de gordofobia na mídia no Brasil: #gordofobianãoépiada

Em dezembro de 2017, no dia de Natal, Alexandra Gurgel precisou lidar com a atitude gordofóbica do apresentador Danilo Gentilli. Isso porque ele compartilhou uma matéria da BBC Brasil na qual a fundadora do Movimento Corpo Livre questiona o estereótipo do corpo gordo ser visto como doente. Gentilli deixa a entender no Twitter que comeu tanto no jantar quanto Alexandra comeria, apenas repostando a foto da jornalista na capa, julgando seu corpo e sua alimentação.

Ela rebateu a altura em seu canal do Youtube: “O mundo para quem é minoria já é chato há muito tempo. Nunca foi divertido sofrer preconceito. Nunca foi motivo de riso ser expulso de casa, ser maltratado, ser visto como doente, ser visto como desprezível. Agora que a gente está tendo visibilidade, está tendo espaço, está começando a ficar um pouco mais legal o mundo, porque esses assuntos estão vindo à tona. Está começando a ficar chato para você, né?”.

Xanda resume: “Hoje em dia fazer piada com gordo, negro, gay, mulher não é mais engraçado. Você não tira mais riso disso”. O lançamento da hashtag #gordofobianãoépiada aconteceu no final do vídeo e, atualmente, já conta com 120 mil usos no Instagram.

Quando a medicina deveria acolher e não julgar

O tratamento dado às pessoas gordas pelos profissionais da saúde é uma pauta importante para tirar dessas pessoas o julgamento sobre sua saúde com apenas um diagnóstico visual.

Se já é difícil aguentar os comentários preconceituosos sobre seus corpos nos ambientes sociais, imagina dentro do ambiente que mais deveria se preocupar com a saúde dela? Vale lembrar que saúde mental também é saúde. Comentários inadequados e ofensivos, recusa de atendimento e até pressão para se submeter a uma cirurgia bariátrica fazem parte da realidade da gordofobia médica.

O termo se popularizou nas redes depois que a empresária paulista Flávia Durante, em julho de 2018, lançou a hashtag #gordofobiamédica, que viralizou no Twitter. A partir daí, diversos pacientes que passaram por situações constrangedoras soltaram o verbo e incentivaram outras pessoas a falar sobre seus casos.

Na contramão do retrocesso, surgem com mais força perfis de profissionais alinhados com a nutrição não-prescritiva (sem foco na dieta) e comportamental, que enxergam a relação das pessoas com a comida de uma forma multifatorial e não reducionista.

Consequências do preconceito no âmbito individual e emocional

As relações afetivas são complicadas quando se trata de pessoas pertencentes a grupos minoritários. Os corpos gordos não ficam fora desse estigma, principalmente se considerarmos questões raciais, de gênero ou sexualidade. No vídeo “A solidão da mulher gorda é real”, Alexandra Gurgel traz notas esclarecedoras do que é ser uma mulher gorda na hora de se relacionar.

No vídeo, Alexandra apresenta relatos pessoais e de suas seguidoras exemplificando comportamentos gordofóbicos e machistas de homens que menosprezam mulheres fora do padrão, destruindo a autoestima delas e tornando elas mais propensas a se envolver em relacionamentos abusivos.

Entretanto, as sequelas desse tipo de agressão psicológica são diminuídas quando as mulheres gordas passam a ver beleza em seus próprios corpos, se amando e criando suas redes de apoio. Esse processo é um caminho longo, mas extremamente revelador para o autoconhecimento.

Por isso, quando falamos de Corpo Livre, estamos falando não só de informação, como também de amor-próprio e relações saudáveis. Lembrando sempre: respeito é bom, todo mundo gosta e vale para todos os corpos.

Foto de capa: Unsplash

Redação Corpo Livre

Somos uma equipe de profissionais e colaboradores empenhados em transformar através da informação e da diversidade. Enquanto veículo, queremos construir uma nova forma de dialogar na internet sobre Corpo Livre!

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