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Ana Hikari lamenta falta de representatividade: “Me sinto sozinha”
Ana Hikari está abrindo espaço para a diversidade no audiovisual por estrelar novelas sendo uma mulher asiático-brasileira. No entanto, a atriz quer mais representatividade: “Não quero ser a única”.
Ana Hikari é uma das vozes na luta para combater o preconceito contra pessoas amarelas no país. No ar como Vanda na novela “Quanto Mais Vida, Melhor”, da TV Globo, ela lamenta não ter outras atrizes asiáticas no universo da dramaturgia, mesmo que haja um aumento considerável da diversidade dentro do audiovisual.
“Olho para os lados e não vejo mais nenhuma atriz asiática contratada. Eu ainda me sinto sozinha nesse sentido, e não gostaria de me sentir assim. Não quero ser a única. Eu sei que existem vários atores e atrizes asiáticas muito talentosos e que não tem oportunidade”, desabafou à “Marie Claire”.
Ana Hikari usou informação ao ser chamada de “japa” na web
Além de levantar a representatividade asiático-brasileira, Ana Hikari tem usado suas redes sociais para promover debates sobre feminismo, homofobia e racismo. Nesse meio tempo, ela ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter ao rebater um internauta que a chamou de “japa”. De acordo com a artista, seu intuito é usar seu poder de comunicação para acabar com o preconceito.
“Toda vez que algo muito chato acontece nas redes, eu tento abstrair e tirar algo disso para ensinar. No fundo, sempre tem alguma informação que a gente pode passar diante em cima dessa situação, sabe?”, explicou. Na ocasião, a atriz buscou responder de maneira bem-humorada e consciente possível, mas ainda assim foi chamada de “grosseira” por outros seguidores. “Usei tom de piada, porque essa é a minha maneira de lidar com as coisas”, justificou.
Ana Hikari acredita que pessoas brancas podem ajudar na luta contra desigualdade
Assim como a personagem na novela das 19h, Ana Hikari está preparando o seu retorno como protagonista para a segunda e terceira temporada de “As Five”, spin-off de “Malhação: Viva a Diferença”. À frente do folhetim, ela acredita que pode estar abrindo o caminho para mais representatividade em relação a pessoas amarelas, indígenas, negras e com deficiências.
Com instituições dominadas por pessoas brancas, Ana Hikari afirma que as mesmas podem ajudar na luta contra a desigualdade.
“Eu acho que primeiro de tudo é preciso escutar as vozes que falam sobre isso e ter empatia por essas discussões no sentido de que se uma pessoa fala algo, escute e tente entender de onde vem toda essa problemática. E se as pessoas estão questionando, respeita, não minimiza aquilo. Aqui no Brasil, muitos ainda enxergam pessoas amarelas sempre como estrangeiras, querem fazer de nós estrangeiros dentro do nosso próprio país. Fora que ainda somos objetificados e hiperssexualizados, e isso precisa parar. Então, o melhor jeito é sempre respeitar, compreender e se informar”, disse.
Pole dance trouxe mais empoderamento à atriz
Para interpretar Vanda, em “Quanto Mais Vida, Melhor”, Ana Hikari enfrentou diversos desafios, como aprender o sotaque carioca, e começou com aulas de pole dance. Segundo ela, foi através da dança que ela se empoderou ainda mais, a afastando de pensamentos tão retrógrados.
“Nós, mulheres, aprendemos há anos que o nosso corpo não pertence a nós. Se a gente mostra demais, somos julgadas, precisamos nos esconder ou ‘fazer mistério’, sem mostrar demais para não ser vulgar. A melhor coisa que tem é nos encontrarmos com o nosso próprio corpo, é nessa hora que a mulher descobre a potência que existe dentro dela. Então foi isso que o pole dance me trouxe, esse poder”, disse.
Foto de capa: reprodução / Instagram @_anahikari / TV Globo