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5 formas de identificar body shaming, a vergonha do corpo alheio

Como identificar body shaming? A prática ridiculariza a imagem do outro, deixando-o com vergonha de sua aparência. Veja comentários comuns para reconhecer!

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Como identificar body shaming?

Identificar body shaming é bem simples. A expressão estadunidense, que traduzida significa “vergonha do corpo”, tem como princípio a desqualificação e ridicularização de alguém pela sua imagem. E isso causa vergonha à pessoa que recebe. O termo vem sendo muito debatido na mídia, tanto por influenciadoras do Movimento #CorpoLivre, quanto por famosos que já sofreram. 

Mas todas as pessoas sofrem body shaming, inclusive mulheres dentro do padrão. Em 2017, a cantora Ariana Grande, por exemplo, foi ridicularizada nas redes por não ser curvilínea como Nicki Minaj, com quem dividiu o palco no intervalo do NBA All-Star Game. 

Sendo assim, a probabilidade de você já ter vivido alguma situação e praticado body shaming sem nem se dar conta é grande. Um exemplo rápido? Sabe quando você entra em páginas de fofocas de celebridades no Instagram e tem aquelas postagens “Fulana fez cirurgia plástica. Gostaram?”? Qual o intuito delas senão induzir um comentário sobre a imagem do outro? E por que esse tipo de publicação dá tanto engajamento nas redes sociais? 

Body shaming é uma prática tão naturalizada que acontece no dia a dia

O que é body shaming? Quer mais exemplos? A prática é tão comum que vai desde um olhar discriminante para uma amiga que engordou e você não vê há muito tempo, até comparações que coloquem as características de gordos e magros como ponto de partida para julgar alguém. Inclusive, você pode ter feito com você mesma e nem se deu conta. 

Esse julgamento do corpo alheio pode se apresentar de várias formas. Pode ser velado e sutil, disfarçado como um comentário que só visa alertar ou trazer a intenção de um elogio. Como também pode ser escancarado, exibindo desrespeito e ódio. 

Portanto, fazer apontamentos como “olha como ela engordou, está horrível” ou “está magra demais, parece doente” têm o mesmo peso desrespeitoso. Devido à grande variedade e criatividade que as pessoas encontram para ridicularizar e humilhar o corpo de outra pessoa, resolvemos trazer algumas das abordagens mais comuns dos praticantes de body shaming para você identificar. E, se por acaso praticar também, repensar e mudar de atitude!

1) Se a pessoa passa muito tempo se autodepreciando e sendo muito crítica com o próprio corpo…

Já projetou suas inseguranças em terceiros? Então, se alguém passa muito tempo se autodepreciando, criando restrições, limitando o próprio corpo por não estar no padrão de beleza ou falando mal de si mesma, significa que ela se afeta com o que é imposto.

Mas até aqui isso não é novidade, né? Porque, infelizmente, apenas 4% das mulheres do mundo estão satisfeitas com o próprio corpo, segundo dados da Unilever de 2011. Todas são afetadas, por isso o body shaming é tão normalizado, entende? 

Naturalmente, quando essa pessoa tem contato com alguém que está na luta de se empoderar e se livrar das amarras, o desconforto é automático. Por isso, se sente no direito de causar também desconforto. É a mesma lógica de quem fica jogando ódio pros outros na internet. Desse modo, a prática do body shaming se assemelha bastante ao discurso de ódio. 

2) Alguns “elogios” soam como verdadeiros insultos

Ao ser elogiada ou elogiar alguém, preste atenção no tom e no que se fala. Repare também se parte de comparações, sejam elas envolvendo terceiros ou a própria pessoa no passado. Exemplos: “nossa, como você emagreceu! Tá muito mais bonita do que antes”. Ou “ai amiga, nem se preocupa, você é mil vezes mais bonita do que a ex dele(a)”. 

É natural notar quando alguém emagrece ou engorda, se houve alguma mudança muito aparente, mas seu comentário é necessário? Fica o desafio: o que acha de mudar a perspectiva e ir além da aparência? Comece a elogiar conquistas, companheirismo e o impacto que a pessoa tem na sua vida. Isso já é uma forma de engrandecer alguém, sem citar seu corpo. Bora pensar!

3) Comentários sobre os hábitos alimentares alheios

“Nossa, você realmente vai comer isso tudo?” ou “Você come tão pouquinho, eu poderia comer três desses”. Comentários assim são tão comuns que acabam passando despercebidos e provocando risadas. No entanto, insinuar que a quantidade de comida que alguém ingere é inadequada (sem embasamento profissional) pode gerar gatilhos e piorar a relação daquela pessoa com a alimentação.

A cultura da dieta se infiltrou tanto no inconsciente coletivo que comer intuitivamente, escutando o que seu corpo precisa, parece um pecado. Assim, ter uma relação natural com comida é quase inédito e chega a causar desconforto em outras pessoas. Fazendo, ainda, com que elas se sintam no direito de comentar sobre o que alguém deveria ou não comer!

Vale ressaltar também que quem está no alvo do body shaming pode sofrer com distúrbios alimentares. Quem passa por esses transtornos já tem uma relação de vergonha e culpa com a comida, como se aquele alimento fosse o inimigo. Por isso, evite esses tipos de comentários.

4) Determinar que certas roupas só funcionam em alguns tipos de corpos é body shaming

Será que ela é realmente estilosa ou só é magra? Essa discussão tomou grande proporção nas redes sociais depois que internautas “descobriram” que algumas mulheres magras eram colocadas em um pedestal por usarem peças básicas.

Por outro lado, mulheres gordas ou fora do padrão passavam despercebidas ou eram ridicularizadas com a mesma peça. Por mais que a moda às vezes tente propor isso, ninguém tem direito de fiscalizar e definir roupas apropriadas pro corpo de cada pessoa.

5) “Uau, você é tão corajosa por postar essa foto!”

Pode soar inofensivo, mas não é! Insinuar que alguém precisou ter muita coragem para publicar uma foto ou usar uma roupa, deixa implícito que ela se amar nesse contexto, seja ele qual for, não é natural. Ninguém deve ser caracterizado como corajoso e inspirador por se amar e se achar bonito. Esse deveria ser o normal, não?

A gente sabe o quanto é difícil fazer uma foto de si mesma e ter coragem pra postar. O sentimento é esse mesmo quando se é vulnerável. Mas falar isso também dá essa ideia meio errada, sabe? Por isso, melhor evitar.

Identificar body shaming é o primeiro passo: agora bora dialogar!

Quer estar atenta a todos esses tipos de comentários e permanecer com a saúde mental em dia? Então procure dialogar com as pessoas o quanto esses posicionamentos não são positivos para ninguém. Levar informação para o seu círculo de amizades é o primeiro passo para trocar conhecimento. Sendo assim, o corpo de ninguém é domínio público e não deve ser alvo de comentários sobre a sua aparência.

Foto de capa: Adobe Stock

Redação Corpo Livre

Somos uma equipe de profissionais e colaboradores empenhados em transformar através da informação e da diversidade. Enquanto veículo, queremos construir uma nova forma de dialogar na internet sobre Corpo Livre!

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