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Ana Clara intervém após fala racista de participante no ‘Túnel do Amor’
O programa “Túnel do Amor” vem propagando uma mensagem forte sobre diversidade por conta de seu elenco tão plural nas casas Solar e a Grafite. Mas na última semana, um episódio com fala racista precisou ser interrompido pela apresentadora Ana Clara Lima, que deu aula sobre antiracismo e outros assuntos importantes a serem debatidos em sociedade, como a gordofobia.
Vinícius faz Pâmella chorar com fala racista em ‘Túnel do Amor’
Primeiramente, tudo começou quando o participante Vinícius começou a falar sobre o comportamento do amigo Bruno, na casa Grafite. Em seguida, analisando que o capixaba tem se soltado e aproveitado as dinâmicas, o modelo soltou a seguinte frase racista: “Não é o perfil dele preta. Até preta ele está pegando. O moleque está realmente envolvido”.
Pâmella, que é uma mulher negra, ficou bastante abalada com a fala de Vinícius. “Não é responsabilidade minha ensinar. Isso fere a pessoa, fere um lugar muito mais embaixo que ele possa ter vivido”, desabafou. Posteriormente, sem conter as lágrimas, a participante cogitou desistir do confinamento em desabafo com amigas: “Tem coisas pra gente que é muito difícil, tem coisas que escutar dói muito e eu não sei mais o que fazer. Não estou chateada, não. Está doendo mesmo”.
Ana Clara intervém e faz reflexão sobre preconceitos em ‘Túnel do Amor’
Momentos depois, Ana Clara decidiu entrar nas casas para fazer uma reflexão muito importante. É que em outros episódios, por exemplo, algumas mulheres se sentiram julgadas ao ouvirem que não fazem “o perfil” de alguns rapazes. “Tem um assunto que tem repercutindo muito aqui e afetando vocês em perspectivas diferentes e mexendo em feridas individuais. Tem questões que a gente não pode ignorar, nem aqui dentro do experimento e nem em lugar nenhum”, começou.
Quando se fala de respeito parece muito óbvio, mas especialmente num elenco tão diverso esse discurso não podia ser vazio e é isso que Ana Clara quis reforçar.
“Esse papo de que ‘ai, meu gosto é assim’, faz muito a gente pensar sobre os tipos. Será que a gente nasce e olha pra um tipo de pessoa, uma cor de pele, cabelo ou corpo e fala: ‘é o meu tipo’? Ou será que a gente vai construindo isso ao longo da vida por que vemos em televisão, destaque nas revistas e nas redes sociais? Então, assim, a situação que vocês viveram aqui deve fazer vocês pensarem se realmente temos nossas preferências ou se somos cheios de preconceito, racismo e gordofobia, que impede da gente ver beleza, se apaixonar e amar mais tipos diferentes de pessoas. Essa revisão de atitude precisa ser feita por todo mundo. A forma como escolhemos dentro do programa, reflete na vida”, finalizou, sendo aplaudida.
Racismo no Brasil: mulheres negras ainda são vistas para servir e cuidar dos outros
Ainda explicando o ponto que lhe feriu e tudo que estava sentindo, Pâmella teve sua dor invalidada por Vinícius e esse é infelizmente o retrato do que muitas mulheres pretas passam em seu dia a dia.
Os negros representam 28% da população do Brasil e 40% no mundo como um todo, mas mesmo assim precisam de atenção e cuidado. Em pleno 2023, estas pessoas ainda enfrentam o racismo, machismo e violência da sociedade, sendo vistas como alguém para servir e cuidar dos outros. Na edição mais recente do “Big Brother Brasil”, inclusive, a psicóloga Sarah Aline disse em discussão com Fred Desimpedidos que mulheres negras são criadas para abrirem mão delas mesmas. “Como mulher negra, eu sinto para um car$4lho e os meus sentimentos ditam os meus nortes, mas eles também em apagam. Porque eu nasci para priorizar pessoas, infelizmente”, disparou.
De certo existe uma evolução depois de anos de muita força e luta diante de tantas incertezas. No entanto, mesmo assim, precisamos reforçar que existem dores que só as mulheres negras reconhecem. Dores essas que, talvez, nem a sororidade alcança pela falta de experiência vivida. É preciso transformar tudo.
