Christina Aguilera sobre infância ‘caótica’ e abusiva: ‘O trauma nunca deixa você’

Christina Aguilera sobreviveu a uma infância abusiva. Em entrevista ao podcast “Call Her Daddy”, a vencedora do Grammy falou sobre crescer em uma casa “caótica”, ter testemunhado a violência de Fausto Aguilera contra sua mãe, Shelly Kearns, e como isso a tornou protetora com a sua própria família.

De acordo com Christina Aguilera, ela percebeu que seu lar não era um ambiente seguro quando começou a se sentir insegura em casa. “Você tem que ouvir seu corpo. O medo é algo que você sente de forma inata, então, naquele momento, você sabe que algo não parece bom, e não está certo”, lamentou.

Além disso, a cantora disse ter desenvolvido “muita compaixão” por sua mãe no passado, mas a situação ainda a afeta aos 42 anos: “Quando você vê alguém sendo ferido, alguém que você ama…O trauma nunca te abandona, você apenas descobre maneiras de tentar curá-lo”.

Christina Aguilera fala de “vergonha” e “raiva” de experiências abusivas

Em seguida, Christina Aguilera falou sobre quanta “vergonha” e “raiva” carrega com experiências abusivas. “Demora muito para uma mulher deixar essas situações também, e meu coração dói porque algumas delas não saem. Às vezes é financeiro, às vezes é medo de que as autoridades não ajudem…. tem vezes que parece que não há saída”, refletiu.

A artista também lembra de dirigir à noite de Nova Jersey para a casa de sua avó, em Pittsburgh, com sua mãe e irmã para escapar do abuso. No entanto, inicialmente não houve uma ruptura clara no relacionamento de Shelly Kearns e seu pai.  

“É um colapso mental da autoestima. Você começa a acreditar na narrativa e no abuso verbal de outra pessoa contra você. A autoestima é algo que pode quebrar facilmente, mesmo para a executiva mais poderosa”, declarou, refletindo o quanto se tornou protetora com sua experiência de vida: “É por isso que sou tão inflexível com minha filha”.

Christina Aguilera revela que já testemunhou outros abusos

Por fim, Christina Aguilera falou sobre a sensação de medo e impotência por que, muitas das vezes, as autoridades não dão ajuda necessária à vítima. Ainda na entrevista, a loira relembrou a época em que morava na base do exército e testemunhou abusos. “Em uma situação como essa, também, o abuso corre solto. As paredes são finas como papel onde estamos morando, e você pode ouvir o abuso acontecendo do outro lado da parede”, contou.

“É assustador, e é como se tudo o que você quisesse fazer fosse ajudar, mas muitas vezes, quando você liga para as autoridades, você não consegue a ajuda de que precisa, e então a porta se fecha e você está com seu abusador novamente.Portanto, é muito importante tentar pesquisar tudo o que puder, falar com pessoas em quem você pode confiar e realmente tentar sair da situação. Porque, na pior das hipóteses, você não viverá para contar a história sobre isso”, finalizou Aguilera.

Como denunciar violência doméstica

Se você estiver sofrendo violência doméstica, ligue para 180. Além disso, é possível realizar denúncias através do aplicativo Direitos Humanos Brasil e na página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), responsável pelo serviço. No site está disponível o atendimento por chat e com acessibilidade para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).